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09/04/2023

CENAS DE PEDÓFILOS EM 'TRAVESSIA' SÃO REAIS? ENTENDA TECNOLOGIA DEEPFAKE

A novela Travessia, exibida no horário nobre da Rede Globo, colocou em debate o uso do deepfake para fins criminosos. Na trama, a personagem Karina (Danielle Olímpia) é enganada por um pedófilo que finge ser uma modelo e influencer na Internet. 

O vilão utiliza um aplicativo similar ao DeepFaceLive, que modifica áudio e vídeo em tempo real, para mudar sua aparência, se aproximar da adolescente e conseguir fotos íntimas em um chat via webcam. A tecnologia deepfake usa inteligência artificial (IA) para criar vídeos falsos, mas realistas, de pessoas fazendo coisas que elas nunca fizeram na vida real.

Fora da televisão, o recurso já foi utilizado para criar vídeos falsos de personalidades públicas, como os ex-presidentes americanos Barack Obama e Donald Trump, a cantora Taylor Swift e a atriz Gal Gadot, além de políticos brasileiros como o atual presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas linhas a seguir, entenda como funciona a tecnologia deepfake e quais riscos ela apresenta.


Em um chat de vídeo, a adolescente Karina (Danielle Olímpia) conversa com a falsa influencer Bruna Schuler (Giullia Buscacio), que na verdade é um deepfake feito por um pedófilo — Foto: Divulgação/Rede Globo

Em um chat de vídeo, a adolescente Karina (Danielle Olímpia) conversa com a falsa influencer Bruna Schuler (Giullia Buscacio), que na verdade é um deepfake feito por um pedófilo — Foto: Divulgação/Rede Globo.

Deepfake: como funciona e quais os riscos?

Os vídeos deepfake são criados por meio de programas que usam aprendizado de máquina e outros recursos de IA para adulterar rostos e vozes. Funciona assim: o software é alimentado com centenas ou milhares de fotos e vídeos das pessoas envolvidas. Os dados, então, são processados por uma rede neural, de forma que o computador aprenda como é determinado rosto, como ele se mexe e reage a luz e sombras, por exemplo. Esse “treino” é feito com o rosto do vídeo original e com o novo rosto, até que o programa seja capaz de encontrar um ponto comum entre as duas faces e “costurá-las".

Hoje, sites como Deepfakes web e softwares como DeepFaceLab permitem que usuários com ou sem experiência em edição de vídeo e programação criem deepfakes com certa facilidade. Parte dos internautas utiliza a tecnologia para criar memes e outros conteúdos inofensivos, contudo, como é retratado pela novela, alguns aproveitam o recurso para fins ilícitos.

Em uso inofensivo, deepfake permite trocar o rosto de atores famosos em filmes, colocando Edward Norton no lugar de Brad Pitt em Clube da Luta — Foto: Reprodução/CTRL Shift Face

Em Travessia, um criminoso utiliza a tecnologia deepfake para se passar por uma atriz e, assim, enganar a adolescente Karina. O infrator finge ser a celebridade Bruna Schuler (Giullia Buscacio) com o intuito de se aproximar da jovem e conseguir fotos íntimas — as quais, segundo ele, seriam necessárias para levar a adolescente para o mundo artístico. Para isso, o pedófilo utiliza deepfake em tempo real, o que o permite, inclusive, conversar por vídeo e não ser descoberto.

Além de permitir falsificação de identidades e de pedofilia, o recurso também fez com que atrizes como Gal Gadot e Natalie Portman tivessem seus rostos colocados, sem consentimento, em vídeos falsos de pornografia. A problemática se estendeu também para outras mulheres anônimas, vítimas do "pornô de vingança".

Figuras públicas da política, do jornalismo e do entretenimento também já foram afetadas pela tecnologia. Em setembro do ano passado, viralizou na Internet um vídeo falso do Jornal Nacional no qual afirmava-se que o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro ocupava o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. O conteúdo foi desmentido pelo telejornal.

Gal Gadot, atriz que interpreta mulher-maravilha, foi vítima de deepfake pornográfico — Foto: Reprodução/Vice

Gal Gadot, atriz que interpreta mulher-maravilha, foi vítima de deepfake pornográfico — Foto: Reprodução/Vice

Como identificar deepfakes e se proteger

Ainda que as deepfakes tenham evoluído com o tempo, existem métodos para identificar se o vídeo é real ou falso. Como a técnica não é perfeita, o usuário deve prestar atenção aos detalhes do rosto da pessoa para tentar identificar inconsistências na textura da pele (na bochecha ou nariz) ou nos olhos. Isso porque é possível que haja falhas tanto nas piscadas quanto nos movimentos da boca durante a fala. Mesmo quando não há erro, os rostos modificados por IA dificilmente aparentam ser tão naturais quanto os de humanos, então vale a pena atentar para expressões robóticas.

Durante a conversa no chat de vídeo, o pedófilo utiliza um programa que cria um deepfake em tempo real — Foto: Divulgação/Rede Globo

Durante a conversa no chat de vídeo, o pedófilo utiliza um programa que cria um deepfake em tempo real — Foto: Divulgação/Rede Globo.


JORNALISTA: JOSINALDO SOARES

REGISTRO:0001662/MA

FONTE: Jonathan Firmino




 
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