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21/06/2023

GRAVE SITUAÇÃO DE CONFLITO: JAGUNÇOS ARMADOS INVADEM TERRITÓRIO QUILOMBOLA NO MARANHÃO



 

O centenário quilombo de Santa Maria, onde residem e vivem quase 200 famílias, foi invadido, desde o dia 05 de junho de 2023, por jagunços fortemente armados a mando do latifundiário e plantador de eucalipto Victor Lara.

O Território quilombola de Santa Maria, fica localizado no município de Urbano Santos, na região denominada Baixo Parnaíba, a 267 km de São Luís. Lá, as famílias praticam a agricultura, pesca, caça e coleta de pequi, bacuri, buriti e outros frutos do cerrado.

Acontece que, com o avanço do MATOPIBA (região formada por áreas majoritariamente de cerrado nos estados do MAranhão, TOcantins, PIauí e BAhia, para onde a agricultura se expandiu), a comunidade tem sido duramente impactada, principalmente pela plantação de eucalipto que já destruiu parte considerável do seu território.

Segundo relatos dos moradores, homens fortemente armados, portando armas de diversos calibres, estão impedindo os moradores de terem acessos às suas roças, sempre com ameaças e intimidações. Por se tratar de período de colheita, as famílias temem perder todas as suas lavouras. Soma-se a isso, a presença permanente da Polícia Militar junto dos jagunços, como se lhes estivesse dando proteção e ainda estão fazendo barreira (blitz) dentro da comunidade com auxílio de drones sobrevoando as residências dos moradores.

 Os camponeses há muito tempo aguardam a arrecadação dessas terras, existindo, junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria – INCRA, pedido de regularização fundiária do território da comunidade, conforme processo administrativo nº 54230.002698/2007-06. Existe também, junto a Procuradoria Geral da República no Maranhão, Inquérito Civil Público sob o nº - 1.19.001.001285/2014-82, (presença de comunidade quilombola no Povoado Santa Maria) sem qualquer solução até a presente data.

Ressalta-se que em dezembro de 2022, o movimento popular Fóruns e Redes de Cidadania, realizou uma assembleia com mais de 400 lavradores na cidade de Urbano Santos, já denunciando as trágicas consequências do avanço do agronegócio na região do Baixo Parnaíba, principalmente sobre os territórios tradicionais. Mesmo assim, nenhum órgão do Estado foi capaz de intervir para prevenir o ataque à comunidade.

O Maranhão continua a ser um palco da violência no campo, pois, “segundo dados da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA), em 2021, mais de 200 pessoas sofreram ameaças de morte e 7 foram assassinadas, no mesmo ano o Maranhão foi o único estado a registrar mortes de quilombolas em decorrência de conflitos no campo”.
O clima na região é tenso e as famílias temem serem atacadas a qualquer momento pelos jagunços.

JORNALISTA JOSINALDO SOARES
REGISTRO:0001662/MA 
FONTE:REDES E FÓRUNS DA CIDADANIA 

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